"Além dos aspetos éticos associados, assegurar o bem-estar animal é um aspeto essencial para registar maior performance e eficiência na produção animal."

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Como avaliar as cinco liberdades do bem-estar animal​

O movimento pelo bem-estar dos animais tem raízes antigas, mas recentemente tem vindo a ganhar destaque no espaço de discussão pública e na agenda das instituições oficiais.

O setor zootécnico tem procurado responder a essas preocupações com novos maneios, mais cuidados e atenção redobrada com os animais.

Um dos pontos chaves passa pela avaliação do bem-estar animal, um conceito um pouco vago e que não pode ser medido apenas através de um parâmetro. Tem de se avaliar vários indicadores que possam influenciar este bem-estar. As bases desses parâmetros passam pelas cinco liberdades definidas pela Farm Animal Welfare Council (concelho para o bem-estar de animais de pecuária), do Reino Unido. Estas liberdades passam pela:

Ausência de fome, sede e má nutrição

Alimentação saudável, respeitando as necessidades fisiológicas dos animais; Água potável limpa, fresca e acessível; Comedouros limpos e acessíveis; Os animais devem ser alimentados em grupos de acordo com a fase de crescimento; Preferência pela não utilização ou utilização mínima e responsável de hormonas e antibióticos.

Ausência de desconforto físico e térmico

Instalações seguras e limpas; Vedações livres de objetos pontiagudos, elétricos ou qualquer tipo de material que represente perigo físico aos animais; Espaço para o animal se movimentar, livre de competição por espaço.

Ausência de dor, lesão ou doença

Os animais devem ser tratados com respeito ao longo de toda criação; Os locais devem ser higienizados e livres de contaminantes; A sanidade animal deve ser extremamente rigorosa, para proteger os grupos de contaminações; O animal infetado deve ser imediatamente afastado do grupo; Animais com fraturas ou ferimentos devem ser tratados ou, caso não seja possível, abatidos de forma rápida e com o menor sofrimento para o animal.

Ausência de medo

Toda a prática deve ser orientada para reduzir ao máximo os níveis de medo e stress nos animais, durante todas as etapas do seu desenvolvimento.

Oportunidade para expressar comportamentos naturais da espécie

Cada animal deve poder ocupar em média uma vez e meia o seu espaço quando estiver deitado; Livre movimentação, exceto quando os animais estiverem em confinamento ou contenção necessárias para a realização de exames, limpezas e qualquer outra necessidade ocasional.

Estes princípios não estão a ser respeitados quando não há da parte dos animais uma série de indicadores que demonstram isso, como uma má condição corporal, filas nos bebedouros, tremores, muita sujidade/humidade no corpo, lesões, altos registos de morbilidade e mortalidade, demasiados tratamentos reativos e não preventivos, medo ao aproximar de pessoas, stress ou até falta de comportamento de manada em animais de grupo (ovinos por exemplo), entre outros.

Mantendo registos e utilizando um software de gestão como o Wezoot, é possível controlar a maior parte destes indicadores, a exemplo os tratamentos que são administrados aos animais, a sua condição corporal e evolução da mesma, os registos de morbilidade e mortalidade.

Além dos aspetos éticos associados, assegurar o bem-estar animal é um aspeto essencial para registar maior performance e eficiência na produção animal.

Autor: João Caçador – Engenheiro Zootécnico

Fontes: Farm Animal Welfare Council (2009). Farm Animal Welfare in Great Britain: Past, Present and Future. Stilwell, G. (2017). O bem-estar em Ruminantes. Lisboa: Publicações Ciência & Vida.

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