"É de notar a maior empresarialização, especialização e dimensão médias das explorações, consequência do maior número de sociedades agrícolas."
Data
Os resultados do recenseamento agrícola de 2019, publicados em 2021, indicam que o número de explorações diminuiu, mas a dimensão de cada uma aumentou em 13,7%. O abandono agrícola na última década deu-se, maioritariamente, entre os pequenos produtores, com as explorações de mais de 20 hectares a aumentarem. Outro realce é o significativo aumento das sociedades que gerem explorações, em particular nos últimos 10 anos. Estas gerem 36,7% da superfície agrícola utilizada e mais de metade dos efetivos animais nacionais.
Gestão mais profissionalizada
A mão-de-obra tem vindo a decrescer, com um acompanhamento da redução da mão-de-obra familiar. No entanto, existe um aumento do recurso à mão-de-obra assalariada, sendo ela regular ou sazonal. Para além disso, a contratação de serviços agrícolas aumentou 159,9% face a 2009. O produtor agrícola singular apresenta um aumento no nível de instrução, mas um agravamento preocupante em termos de idade. Já os dirigentes de sociedades agrícolas apresentam uma média de idades inferior em 13 anos, relativamente ao produtor singular, e há uma maior representatividade de qualificações académicas e profissionais, com ênfase em habilitações específicas nas ciências agrárias.
Com estes resultados, é de notar a maior empresarialização, especialização e dimensão médias das explorações, consequência do maior número de sociedades agrícolas, aumento da mão-de-obra assalariada especializada e maior nível de instrução dos produtores. Os efetivos pecuários de ruminantes corroboram a tendência nacional de aumento de maiores explorações, com mais efetivo, e com as explorações mais pequenas a começarem a diminuir, como se pode comprovar de seguida.
Menos explorações, maior efetivo
Com o número de explorações de bovinos a diminuir, o efetivo de cada exploração mais do que triplicou os seus números, relativamente a 1999. O efetivo bovino leiteiro diminuiu em número de explorações e efetivo, apesar de não haver quebras produtivas, fruto de uma maior eficiência no trabalho feito pelos produtores. O Alentejo é a zona com mais bovinos em Portugal, com 42,2% do efetivo e é onde se apresenta o efetivo médio mais alto, com 155 cabeças por exploração. Os sistemas de produção, com acesso a pastoreio representam 73% dos sistemas de produção de bovinos, com 61% a ser inteiramente em regime extensivo. O efetivo leiteiro estabulado com acesso a pastoreio, encontra-se em pastagem mais de 9 meses. Tendo em conta que as grandes explorações são muito poucas (>=200 bovinos), estas concentram quase metade do efetivo total (44,5%), com 1/4 das explorações a apresentarem, no máximo, até 2 bovinos.
Os efetivos totais de ovinos apresentaram um decréscimo, contrastando com um ligeiro aumento dos animais por exploração, para 51 cabeças por exploração, relativamente aos 43 em 2009. As explorações encontram-se na grande maioria no Alentejo e na Beira Interior, que juntos representam 68,1% do efetivo, com apenas 29,9% das explorações. De notar que apenas 30,7% das explorações com ovinos, são especializadas nesta espécie de animais. O efetivo ovino leiteiro perdeu 1/3 do efetivo, com a sua maior expressividade a ser na Beira Interior. Em concordância com os dados do efetivo cárnico, o efetivo leiteiro também aumentou por cada exploração, passando de 46,1% para 70,2%, como consequência do aumento das grandes explorações. Existiu um aumento do abandono dos pequenos produtores, com menos de 10 animais, em 19,4%.
Os efetivos de caprinos decresceram em número de efetivo total, tanto em rebanhos de carne, como os de leite, mas os grandes rebanhos (>=500 de animais) aumentaram. O Alentejo representa 23% do efetivo, com a região Norte, Centro e Ribatejo e Oeste a representarem, equitativamente, o restante efetivo. Os animais em rebanhos leiteiros também reduziram, com a Beira interior e o Alentejo a apresentarem maioria do efetivo, com 51,4%. O efetivo de pequenos produtores diminuiu bastante nos últimos 10 anos, com 37,6% dos rebanhos a apresentarem entre 100 e 499 animais. Por último, apenas 16,8% das explorações são especializadas.
Bibliografia
Instituto Nacional de Estatística, I. P. (2021). Recenseamento Agrícola – Análise dos principais resultados – 2019. Lisboa: Instituto Nacional de Estatística, I. P.
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